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Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

© 2010 Maureen Child. Todos os direitos reservados.

O NOVO VIZINHO, N.º 1031 - Novembro 2011

Título original: Cinderella & the CEO

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em portugués em 2011

Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.

Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.

® ™. Harlequin, logotipo Harlequin e Desejo são marcas registadas por Harlequin Books S.A.

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I.S.B.N.: 978-84-9000-975-8

Editor responsável: Luis Pugni

ePub: Publidisa

Capítulo Um

– Olá, sou a sua nova empregada.

Tanner King olhou para a mulher de cima abaixo mais uma vez, demorando-se nas suas curvas exuberantes, no rosto em forma de coração e nos lábios carnudos. Devia ter menos de trinta anos e o cabelo loiro caía-lhe sobre os ombros. Trazia vestido uma camisa amarela e umas calças gastas e muito justas. Os seus olhos azuis brilharam quando sorriu e fez uma covinha na bochecha esquerda.

O corpo de Tanner reagiu e ele abanou a cabeça, decidindo dispensá-la pela sua reacção.

– Não, não é.

– O quê? – disse ela a rir.

O seu riso fê-lo estremecer e Tanner lembrou-se que já não estava com uma mulher há demasiado tempo.

Voltou a abanar a cabeça.

– Você não é uma empregada doméstica.

– Por que não? – perguntou ela, arqueando as sobrancelhas loiras.

– Para começar, porque não tem idade suficiente para isso.

– Bem, pois eu garanto-lhe que já sou maior de idade e posso limpar uma casa. Com quem é que estava à espera de se encontrar? Com a senhora Doubtfire?

Ele lembrou-se da comédia em que um homem se disfarçava de governanta de meia idade e assentiu.

– Sim.

– Lamento tê-lo desiludido – disse ela, com um sorriso.

Não o tinha desiludido. Era esse o problema. Nada nela poderia desiludi-lo. A não ser o facto de não a ir contratar. Não precisava de distracções e aquela mulher era isso mesmo.

– Vamos começar pelo princípio – sugeriu ela, estendendo-lhe a mão direita. – Chamo-me Ivy Holloway e você é o Tanner King.

Ele demorou mais de um segundo a dar-lhe a mão e largou-a logo de seguida. Assim que lhe tocou, sentiu como se o seu corpo tivesse sido percorrido por uma corrente eléctrica. Era a prova de que aquilo era uma má ideia.

Nada lhe corria bem desde que se mudara para a casa que pensara ser a ideal, há dois meses atrás.

O sol estava a começar a pôr-se no vale e o cabelo loiro daquela mulher ondulou com o ar frio, proveniente da montanha. Olhava para ele como se fosse um extraterrestre. E talvez tivesse motivos para isso.

Aquilo era o que acontecia quando um homem que gostava de privacidade se mudava para uma aldeia onde todos se conheciam. Tinha a certeza que os habitantes de Cabot Valley tinham curiosidade por ele. Mudara-se para lá em busca de paz e tranquilidade, para conseguir trabalhar sem ser incomodado por ninguém.

Mas, como era de prever, a paz e a tranquilidade tinham desaparecido. Levantou os olhos e varreu toda a propriedade com o olhar, onde um mar de pinheiros para árvores de Natal se estendia até onde conseguia alcançar com a vista. Era um lugar calmo. Sereno. Mas o que ele tinha dentro de si era frustração. Tentou afligi-la.

– Olhe – começou, bloqueando-lhe a entrada, apoiando a mão na ombreira da porta. – Lamento que tenha vindo até aqui, mas não é exactamente do que estou à procura. Se quiser, posso pagar-lhe o deslocamento.

Tanner sabia que as pessoas, em especial as mulheres, gostavam de ser compensadas. Acabara com as suas ex-namoradas com pulseiras de diamantes e dispensado as suas empregadas com cheques chorudos. E nunca tivera problemas.

– Porque é que me iria pagar se nem sequer trabalhei para o senhor?

– Porque isto não é uma boa ideia.

– Não precisa de uma empregada? – insistiu ela, cruzando os braços e fazendo com que os seus seios redondos e generosos fossem comprimidos para cima e se insinuassem pelo decote da blusa.

– Claro que sim – respondeu ele.

– O seu advogado contratou-me para ser eu. Qual é o problema?

O problema era que devia ter sido mais específico quando o seu advogado, e melhor amigo, Mitchell Tyler, se oferecera para contratar uma empregada. Devia ter-lhe pedido para contratar uma mulher mais velha e mais reservada.

E era evidente que Ivy Holloway iria ser uma fonte de distracção.

Enquanto ele estava perdido nos seus pensamentos, ela baixou-se e entrou em casa passando-lhe por baixo do braço. Infelizmente, não podia agarrá-la e tirá-la dali. Não seria difícil mas não era conveniente. Como se lhe tivesse lido o pensamento, ela entrou na sala, parou e deu uma volta, olhando em redor.

– Esta sala é incrível – sussurrou.

Tanner seguiu-lhe o olhar.

A maior parte da sala estava revestida a madeira escura e tinha muitas janelas que lhe permitiam ver os pinheiros que se tinham transformado numa grande dor de cabeça nos últimos meses. Estava mobilado com grandes móveis e cadeirões, agrupados em círculo, convidando a sentar e a conversar, ainda que nunca fossem utilizados. A chaminé era em pedra, tão alta que Tanner conseguiria entrar nela de pé. Estantes com um metro de altura rodeavam a divisão e também havia várias mesas de carvalho com uma tonalidade clara. Seria a sala perfeita se não fosse...

– Toda a gente está morta para ver esta casa por dentro – comentou Ivy, em voz baixa. – Desde que a comprou e começou a remodelá-la.

– Tenho a certeza que sim, mas...

– É compreensível, acrescentou ela, olhando-o por um segundo. – Ao fim e ao cabo, a casa não era habitada há anos antes de a ter comprado e não se parecia nada com isto.

Isso já ele sabia. Pagara uma fortuna à empresa de construção civil para fazer em dez meses o que qualquer outra teria feito em dois anos. Tivera uma ideia muito concreta sobre o que queria e pedira o projecto a um dos primos, que era arquitecto. Tinha sido muito meticuloso, já que queria que aquele lugar fosse o seu santuário.

– Onde é que fica a cozinha? – perguntou ela, interrompendo mais uma vez os seus pensamentos.

– Ali – respondeu ele, apontando com o dedo. – Mas...

Demasiado tarde, ela já se tinha adiantado, fazendo barulho com os saltos das botas na madeira. Tanner sentiu-se obrigado a segui-la e teve de fazer um esforço para desviar o olhar do seu traseiro curvilíneo.

– Oh, meu Deus – murmurou Ivy, como se tivesse acabado de entrar numa catedral.

A cozinha também era enorme, com as paredes em tons bege e os móveis em madeira dourada. O balcão em granito de tons claros tinha metros de comprimento e, em cima do lava-loiça, havia uma grande janela com vista para a parte de trás do jardim. Apesar de estar a escurecer, viu que o jardim era impressionante.

– Cozinhar aqui vai ser como estar de férias – comentou Ivy, lançando-lhe um breve sorriso. – Devia ver a minha cozinha. Quase não há espaço e o frigorífico é mais velho do que eu.

Aproximou-se do frigorífico, abriu-o e olhou lá para dentro.

– Cerveja e salame? – disse com a testa franzida. – É só isto o que tem?

– E algum fiambre – respondeu ele, um pouco na defensiva. – E ovos.

– Dois.

– O congelador está cheio – salientou, sem saber porque lhe estava a dar explicações. – Não sou assim tão inútil.

Ela olhou para ele como se fosse um menino pequeno.

– Tem esta cozinha e só a utiliza para descongelar comida no microondas?

Tanner franziu a testa. Estivera muito ocupado, mas planeava começar a cozinhar, ou contratar alguém que fizesse isso por ele. Um dia destes.

– Não interessa – disse ela, abanando a cabeça enquanto fechava o frigorífico. – Vou comprar-lhe alguma coisa para comer...

– Eu posso ir às compras sozinho.

– Claro, mas eu farei a lista. Tenho a sensação de que não está muito inspirado.

– Senhora Holloway – disse ele.

– Ah, trate-me por Ivy. Toda a gente me trata assim.

– Senhora Holloway – repetiu deliberadamente. – Já lhe disse que isto não vai funcionar.

– Como é que sabe? – perguntou ela, passando a palma da mão pelo balcão, como se o estivesse a acariciar. – Poderia ser fantástico. É provável que eu seja a melhor empregada que alguma vez consiga arranjar. Ao menos podia dar-me uma oportunidade antes de tomar uma decisão.

Tanner pensou que gostava imenso de lhe dar uma oportunidade, mas não no mesmo sentido que ela estava a pensar. Sentiu-lhe o perfume. Cheirava a citrinos e conteve-se para não voltar a respirar o seu aroma e perder-se ainda mais nele.

Se Mitchell estivesse ali, ter-lhe-ia esganado o pescoço. Tanto ele como a sua mulher, Karen, estavam a tentar arranjar-lhe uma namorada há anos. Tinham feito todos os possíveis para o fazer sair da sua concha.

O problema era que ele não achava que vivia isolado dos outros. Passara muitos anos a construir um muro em seu redor e não iria permitir que alguém o atravessasse. Tinha amigos. Tinha primos e meios-irmãos. Não precisava de mais ninguém. Não obstante, os amigos que já se tinham casado não compreendiam. Era como se, depois de casados, quisessem que todos os homens que conheciam também se casassem. Era óbvio que Mitchell iria apanhar uma grande desilusão no caso de Tanner, mas não se dera ainda por vencido.

E Ivy Holloway era a prova disso. De certeza que, assim que a viu, Mitchell decidira que ela seria perfeita para ele, mas o plano não iria funcionar.

– O problema é que trabalho em casa à noite. E durmo durante o dia, ou pelo menos tento... – murmurou. – Pelo que não posso tê-la aqui a fazer barulho enquanto trabalho e...

– O que é que faz?

– O quê?

– Disse que trabalhava em casa – comentou ela, apoiando os cotovelos no balcão e o queixo nas mãos. – O que faz?

– Designer de jogos de computador.

– A sério? Já desenhou algum que eu possa conhecer?

– Duvido – respondeu ele, ciente de que os seus jogos eram dirigidos mais a homens novos do que a mulheres. – Não desenho jogos que tenham a ver com moda ou com ginástica.

– Uau – respondeu ela. – Muito condescendente.

E tinha razão, apesar de Tanner não ter esperado que ela respondesse.

– É só...

– Ponha-me à prova – pediu-lhe ela, sorrindo.

– Está bem. O último jogo que criei foi o Dark Druids.

– A sério? – perguntou Ivy com os olhos muito abertos. – É genial. Eu adoro esse jogo. Só para que saiba, estou no nível nove.

Apesar de tudo, Tanner ficou intrigado e olhou-a com admiração. Sabia que o seu jogo de druidas era muito difícil e chegar ao nono nível era algo impressionante.

– Bem. E quanto tempo é que demorou?

Ela encolheu os ombros.

– Seis meses – admitiu – mas tenho de dizer em minha defesa que só jogava à noite. Em que é que está a trabalhar agora? Posso perguntar-lhe ou é segredo?

Seis meses? Conseguira-o em seis meses? Tanner recebera no correio electrónico queixas de jogadores que só tinham conseguido chegar ao terceiro nível ao fim de um ano. Quase se esqueceu que tinha de se desfazer dela. Para além de gira, também era esperta. Uma combinação fatal.

Não obstante, Tanner teria de se conter para não lhe contar no que estava a trabalhar e o que conseguira na noite anterior. Ainda que, se fosse uma ideia assim tão boa, poderia dar-lhe dois dias. Não, não estava à procura de ninguém para colaborar. Além disso, ela estava a impedi-lo de trabalhar. Estava ali, a falar com ela, em vez de estar lá em cima, imerso na magia medieval. O que demonstrava, mais uma vez, que aquela mulher seria uma fonte de distracção.

– Suponho que seja segredo – comentou ela, lendo-lhe a expressão do rosto. – Bem, não interessa. Porque não vai trabalhar enquanto eu me ocupo disto?

– Não acho...

– Precisa de uma empregada, – interrompeu-o – e é óbvio que precisa urgentemente de alguém que cozinhe para si. E eu preciso do dinheiro. Não vou fazer barulho nenhum, nem se vai dar conta que estou aqui. Prometo-lhe. Porque não me dá uma oportunidade?

Era evidente que não se iria embora sem dar luta e Tanner não tinha vontade de discutir.

– Está bem. Estou no andar de cima, no escritório. Na terceira porta à esquerda.

– Divirta-se! – disse ela, antes de dar a volta e começar a abrir os armários.

Tanner pensou em falar com Mitchell e pedir-lhe que fosse ele a despedi-la. E pronto. Era óbvio que aquilo não iria dar bom resultado. Dar-lhe-ia aquela noite mas, no dia seguinte, teria de a mandar embora.

Saiu da cozinha e ela nem sequer virou a cabeça para olhar para ele.

Quando ficou sozinha, Ivy deixou-se cair sobre o balcão.

– Correu bem – murmurou.

Deixara-o aborrecido mas, na verdade, ele já estava aborrecido quando lhe abriu a porta. Se não tivesse sido rápida, talvez não tivesse conseguido entrar porta adentro.

E tivera mesmo de entrar. Precisava do trabalho. O dinheiro iria dar-lhe jeito, ainda que esse não fosse o único motivo pelo qual estava ali, no território do inimigo. Aquilo soava estranho, até para ela. Na verdade, nunca tivera inimigos mas, naquele momento, tinha um muito rico e poderoso.

Teria gostado de saber de antemão que o seu inimigo era tão atraente. Assim que o viu, os seus joelhos quase cederam.

Tanner King era um homem perigoso: bonito, alto e forte. Ivy ainda sentia as hormonas aos saltos. A partir do momento em que ele lhe abrira a porta, sentira-se como se estivesse no meio de um tremor de terra, como se o chão se mexesse debaixo dos seus pés.

Tanner tinha uns olhos azuis-escuros, o cabelo volumoso e moreno, revolto e um pouco longo. E a combinação de ombros largos, cintura fina e pernas musculadas era demolidora.

– Talvez o avô tenha razão – murmurou, enquanto pensava em como ele tentara dissuadi-la do seu plano.

«Demasiado tarde», pensou, avançando para o outro lado da cozinha, onde encontrou a despensa de que andava à procura. Estava quase vazia e Ivy pensou que Tanner King tinha sorte por não ter morrido de tédio durante os dois meses que lá vivia.

Aparentemente, tudo o que fazia era trabalhar nos seus jogos de computador e chamar o xerife para se queixar.

Dela.

Ivy fechou os olhos e respirou fundo. Era por isso que ali estava, claro. O xerife Cooper dissera-lhe há dois dias que não sabia durante quanto tempo mais conseguiria continuar a acalmar Tanner King.

Ivy fechou as portas da despensa, apoiou-se nelas e olhou em redor. A cozinha era bonita, mas estava vazia. Que tipo de homem era capaz de construir uma cozinha tão bonita e de a deixar completamente vazia?

– É isso precisamente que vieste descobrir, não é verdade? – disse para si mesma com firmeza.

Não só queria compreendê-lo, como também queria que ele a compreendesse a ela e ao lugar que escolhera para viver. Antes que ele desse cabo de tudo.

Não seria fácil, mas Ivy não vinha de uma família de perdedores. Quando tomava uma decisão, só Deus conseguia fazê-la mudar de opinião. Estava ali e não se iria embora até Tanner ver a luz ao fundo do túnel, por assim dizer.

Estava um pouco nervosa e sabia que lhe iria dar muito trabalho fingir que era só uma empregada doméstica. Ao fim e ao cabo, era uma grande aldrabona. E, para além de mentir, estava a omitir informações importantes, mas isso não devia ser tão grave. Se o fizesse com boas intenções.

– Pergunto-me quantas pessoas conseguiram consolar-se com essa ideia.

Suspirou e desejou que as coisas fossem de outra maneira, mas isso não mudaria nada. O jogo já tinha começado. Ela tinha feito a primeira jogada, pelo que já não podia voltar atrás. Estava ali. Teria de acabar o que viera fazer.

De uma maneira ou de outra, Tanner King teria de se convencer que tinha encontrado o seu par perfeito.

Capítulo Dois

– Só te estou a dizer – murmurou Tanner ao telefone – que não devia estar preocupado com o Natal em pleno mês de Agosto.

– Sim, sim – respondeu a voz do outro lado da linha, divertida. – É como aqueles idiotas que compram a casa ao lado do aeroporto e depois queixam-se do barulho.

Tanner olhou pela janela para a herdade de pinheiros que lhe rodeava o terreno. À noite, a paisagem parecia tranquila. Através da janela entreaberta, uma rajada de vento transportou até ali o aroma a pinho e Tanner franziu a testa. Ninguém lhe dissera que aquele lugar se enchia de pessoas e barulho durante o dia.

– O que queres dizer?

– Quero dizer – respondeu-lhe o primo a rir – há um ano que sabias que a herdade aí estava antes de teres comprado o terreno. Não venhas agora choramingar.

– Primeiro que tudo – respondeu ele, – eu não choramingo. E, em segundo, que produção de árvores de Natal está aberta o ano todo? Ninguém me informou disso quando comprei este terreno.

Embora também não tivesse perguntado. Comprara a casa há um ano, sem pensar muito nos vizinhos, convencido de que só vendiam pinheiros no Natal.

Mudara-se para lá há dois meses, depois de semanas de obras na casa. Quando por fim se instalara, fizera-o ansioso por desfrutar da paz e sossego do lugar, mas já estava há dois meses a ver turistas a desfilarem pela propriedade do lado.

Tirando isso, a sua casa era tudo o que podia desejar. Era feita de vidro e madeira e rodeada por quase meio hectare de terreno. E tinha toda a privacidade que precisava. Ou era isso que tinha achado quando a comprara. Conseguia contemplar vários hectares de pinheiros a partir do segundo andar. E não eram as árvores que o incomodavam, mas antes o espírito empreendedor do seu dono. Aparentemente, os proprietários decidiram transformar o negócio de Natal num negócio para todo o ano.

Quase todos os fins de semana organizavam festas de casamento, passeios de carro, piqueniques e até festas de aniversário para crianças. O que tinha como resultado uma sucessão interminável de carros cujos motores rugiam mesmo em frente à sua casa.

Mas isso não era o pior. O pior era a música que soava pelas colunas. Canções de Natal. Em Agosto. Todos os dias.

Enquanto ele tentava dormir.

– Podias pensar em deixar de viver como um vampiro e começar a dormir à noite, como fazem os outros – sugeriu-lhe o seu primo Nathan.

– Tentei isso assim que cheguei – murmurou ele, afastando-se da janela e aproximando-se do computador que tinha em cima da secretária. – Tenta tu criar um jogo de computador sobre guerras medievais enquanto estás a ouvir canções de Natal.

Não, a única solução tinha sido trabalhar à noite. Tanner pensou na mulher sensual que tinha a passear-lhe pela casa e perguntou-se como conseguiria concentrar-se sabendo que ela andava ali.

– Está bem, esquece o que te disse – disse Nathan. – Prefiro que continues a resmungar, mas que acabes o jogo a tempo. Já agora, como está a correr?