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HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2009 Maya Banks

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Traições passadas, n.º 954 - abril 2017

Título original: The Tycoon’s Pregnant Mistress

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9854-7

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Capítulo Treze

Capítulo Catorze

Capítulo Quinze

Capítulo Dezasseis

Epílogo

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Capítulo Um

 

Grávida.

Apesar do calor daquele dia de Verão, Marley Jameson sentiu um arrepio nas costas enquanto se deixava cair sobre o banco do parque, a uns quarteirões das águas-furtadas que partilhava com Chrysander Anetakis.

Mesmo que os raios de sol lhe aquecessem as mãos, estava a tremer. Stavros não acharia graça ao seu repentino desaparecimento, pensou. Nem Chrysander quando o guarda-costas lhe contasse que se tinha escapulido. Mas se tivesse ido com ele à consulta do ginecologista, Chrysander teria sabido da sua gravidez antes de chegar a casa.

Como reagiria à notícia? Apesar de ter tomado sempre precauções, estava grávida de oito semanas. Devia ter ocorrido quando ele voltou de uma viagem pela Europa… Chrysander tinha-se mostrado insaciável então. E ela também.

Marley sentiu que lhe ardiam as faces ao relembrar a noite em questão. Tinham feito amor inúmeras vezes, ele murmurando palavras em grego, palavras fogosas, carinhosas, que lhe encolhiam o coração.

Depois fez uma careta ao olhar para o relógio. Chrysander chegaria a casa dentro de duas horas, mas ali continuava ela, como uma covarde, evitando o confronto. E tinha de tirar os jeans ruços e a camisola, roupa que só punha quando ele estava fora.

De má vontade, levantou-se do banco e começou a caminhar para o luxuoso edifício onde vivia com Chrysander.

– Estás a portar-te como uma parva – murmurou quando chegava à entrada. Se o porteiro se surpreendeu ao vê-la chegar a pé não disse nada, mas apressou-se a abrir-lhe a porta.

Marley entrou no elevador e passou uma mão pela barriga, ainda lisa. Quando as portas se abriram, directamente para o espaçoso hall das águas-furtadas, mordeu os lábios, nervosa.

Como fazia sempre, entrou no salão tirando os sapatos e atirou a mala para o sofá. Estava exausta e o único que queria era descansar um momento, mas tinha de decidir como ia puxar o assunto da relação de ambos.

Uns dias antes teria dito que estava contente com a sua vida, mas o resultado da prova tinha-a deixado estupefacta. E tinha-a feito pensar nos últimos seis meses com Chrysander.

Amava-o com toda a sua alma, mas não sabia bem aonde conduzia aquela relação. Chrysander parecia estar louco por ela e o sexo era fantástico, mas agora que ia ter um filho necessitava de algo mais do que deitar-se com ele durante umas semanas por mês… ou quando a sua apertada agenda o permitia.

Estava a entrar no quarto quando Chrysander saiu da casa de banho com uma toalha à cintura.

– Chrysander! Chegaste antes do previsto.

Cada vez que olhava para ele era como a primeira vez: ficava com pele de galinha. Este era o efeito que exercia nela.

– Estava à tua espera, pedhaki mou – respondeu ele, tirando a toalha e envolvendo-a pelos ombros para se apoderar da sua boca.

Um gemido escapou-lhe da garganta. Era como um vício do qual nunca se cansaria. Como por vontade própria, os seus dedos enredaram-se no cabelo escuro, empurrando a sua cabeça para baixo…

Duro, fibroso, musculoso, Chrysander Anetakis movia-se com a graça irresistível de um predador.

– Tens demasiada roupa – murmurou ele, enquanto lhe tirava a camisa.

Sabia que deveriam parar. Tinham de falar, mas tinha sentido tantas saudades suas. E talvez uma parte dela desejasse desfrutar daquele momento antes de as coisas mudarem de maneira irrevogável entre os dois.

Marley gemeu quando lhe tirou o sutiã para lhe acariciar peitos. Os seus mamilos eram mais escuros agora e perguntou-se se ele daria por isso, mas Chrysander não disse nada.

– Tiveste saudades minhas?

– Sabes bem que sim.

– Quero que mo digas.

– Tive saudades tuas.

Em poucos segundos, os jeans e as cuecas tinham desaparecido e Chrysander estava em cima dela, dentro dela.

Arqueou-se para ele enquanto a possuía, agarrando-se às suas costas. Era sempre assim, a um passo do desespero, o desejo que sentiam um pelo outro a consumi-los.

Enquanto faziam amor, ele murmurava-lhe coisas em grego, as suas palavras eram como uma carícia enquanto chegavam ao orgasmo os dois. Marley apoiou a cabeça no seu ombro, saciada e contente.

Deve ter adormecido depois porque, quando abriu os olhos, Chrysander estava deitado a seu lado, com um braço possessivo sobre a sua cintura. Olhava-a preguiçosamente, os seus olhos dourados ardendo pelo desejo satisfeito.

Era agora o momento. Tinha de lhe contar, nunca haveria melhor ocasião. Mas porque a ideia de lhe perguntar sobre a relação entre ambos a enchia de terror?

– Chrysander…

– Diz, querida.

– Tenho de falar contigo.

Ele esticou-se, afastando-se um pouco para vê-la melhor.

– De que queres que falemos? – murmurou, estendendo uma mão para lhe acariciar os seios.

– De nós.

O rosto de Chrysander transformou-se numa máscara de indiferença, tanto que a assustou. Inclusive podia sentir que se afastava dela.

Então soou o intercomunicador e ele estendeu a mão para pulsar o botão.

– Quê? – perguntou bruscamente.

– É a Roslyn. Posso subir?

Marley ficou tensa ao ouvir a voz da assistente de Chrysander. Era quase de noite, mas ali estava, no apartamento que, sabia ela muito bem, o seu chefe partilhava com Marley.

– Estou ocupado neste momento, Roslyn. Suponho que o que quer que seja possa esperar até amanhã.

– Desculpe, mas não posso esperar. Necessito da sua assinatura num contrato que deve chegar ao seu destino antes da sete da manhã.

– Sobe então.

Chrysander levantou-se da cama e aproximou-se do armário para tirar umas calças e uma camisa.

– Porque vem cá tantas vezes? – perguntou-lhe Marley.

– É minha assistente, é o seu trabalho.

– Vir a tua casa?

Chrysander abanou a cabeça enquanto abotoava a camisa.

– Volto já e depois podemos falar.

Marley sentia a tentação de deixar a conversa para outro dia, mas tinha de lhe dizer que estava grávida e não podia contar-lho até que soubesse o que sentia por ela. De modo que devia ser essa noite.

Como estando nua se sentia em desvantagem, levantou-se da cama para voltar a vestir as calças de ganga e a camisa espalhadas pelo chão.

Logo depois, Chrysander voltou a entrar no quarto, mas parecia distraído.

– Prefiro-te nua, pedhaki mou.

– Está tudo bem?

Ele fez um gesto com a mão.

– Não era nada, só uma assinatura – sorriu, enquanto começava a desabotoar a camisa de novo. – Temos de falar.

Chrysander deixou escapar um suspiro de resignação enquanto se sentava na cama.

– Que tens para me contar que é assim tão urgente?

– Quero saber o que sentes por mim… e o que pensas da nossa relação – começou a dizer ela, nervosa. – E se há um futuro para nós.

Ele apertou os lábios, num gesto de contrariedade.

– Ah, é isso – disse, levantando-se.

– Só necessito saber o que sentes por mim, se há um futuro para nós. Tu nunca falas da nossa relação mais do que no presente.

Chrysander pegou-lhe no queixo.

– Não temos uma relação, Marley. Eu não tenho relações e sabe-lo bem. És minha amante.

– Tua amante? – repetiu ela, perplexa.

A sua namorada, a rapariga com quem namorava, a sua cara-metade… todos eram termos que poderia ter usado. Mas amante? Uma mulher comprada? De repente, Marley sentiu náuseas.

– É isso que sou para ti?

Chrysander deixou escapar um suspiro.

– Senta-te um momento e deixa-me que te prepare uma bebida. Eu tive uma semana muito longa e, evidentemente, estás desgostosa. Não é bom para nenhum dos dois termos esta discussão agora.

Depois de uma longa semana a tentar que a pessoa que andava a trair a sua empresa caísse nas suas armadilhas, o último que desejava era uma discussão com a amante.

De modo que foi à cozinha e, depois de verter o sumo favorito de Marley num copo, serviu-se de um cálice de brandy para ver se podia controlar a iminente dor de cabeça.

Depois sorriu ao ver os seus sapatos no meio da sala e a mala atirada no sofá. Marley era uma jovem encantadora, divertida, que nunca protestava por nada, de modo que aquela explosão emocional surpreendera-o muito. Ela não era assim. Não era das que se colavam a ele e, por isso, a relação tinha durado tanto tempo…

Relação? Acabava de negar-lhe que tivessem uma. Marley era sua amante.

Mas deveria ter sido mais prudente, pensou depois. Certamente não se sentia bem e queria um pouco de ternura. A ideia parecia-lhe estranha, mas Marley tinha estado sempre a seu lado para cuidá-lo depois de semanas de viagens e reuniões extenuantes. Era justo que lhe oferecesse algo mais que sexo. Mesmo que o sexo com ela fosse a sua prioridade.

Ia dar meia volta para entrar no quarto e fazer as pazes quando um bocado de papel que assomava pela mala chamou a sua atenção. Deixando os copos sobre a mesa, Chrysander puxou pelo papel…

E ao ver o que era, ficou perplexo.

Mas não podia ser. Marley, a sua Marley, era a traidora da companhia?

Não podia acreditar, mas estava ali, diante dos seus olhos. A falsa informação que ele mesmo tinha deixado no escritório naquela manhã, na esperança de encontrar a pessoa que estava a vender segredos da companhia à concorrência.

De repente, ficou tudo claro. Os planos tinham começado a desaparecer quando Marley se mudou para as águas-furtadas com ele. Já não trabalhava na sua empresa, mas inclusive quando a convenceu para que deixasse o seu lugar com o fim de tê-la só para ele, tinha livre acesso ao seu escritório…

Que idiota tinha sido.

Então lembrou-se da chamada de Stavros umas horas antes. No momento só lhe tinha parecido um assunto irritante do qual pensava falar com Marley quando a visse. Ia dar-lhe um sermão sobre a importância da segurança e sobre não sair à rua sem um guarda-costas quando na verdade era ele que não estava a salvo com ela. Segundo Stavros, Marley tinha ido ao seu escritório e depois tinha desaparecido durante horas…

E agora esses documentos do escritório apareciam na sua mala.

Com os papéis na mão, Chrysander voltou ao quarto e encontrou-a sentada na cama. Nem sequer os seus olhos cheios de lágrimas o comoveram; só podia pensar em como o tinha manipulado.

– Quero-te fora daqui em trinta minutos.

Marley olhou-o, perplexa. Tinha ouvido bem?

– Não te entendo…

– Tens meia hora para apanhar as tuas coisas e sair daqui, antes que chame a segurança.

Ela levantou-se, a tremer. Mas se ainda não lhe tinha dito que estava grávida…

– Chrysander, o que aconteceu? Porque estás zangado comigo? É porque me incomodou que dissesses que sou tua amante? Foi uma surpresa para mim, eu pensei que era algo mais…

– Agora tens vinte e oito minutos – insistiu ele, com total frialdade. – Achavas que ias enganar-me? – perguntou-lhe depois, mostrando-lhe os papéis que tinha na mão. – Achavas mesmo que ia tolerar que me traísses?

Marley ficou lívida.

– Não sei do que estás a falar. Que papéis são esses?

– Tens andado a roubar-me – disse Chrysander, com um sorriso desdenhoso. – Tens sorte de não chamar a polícia, mas fá-lo-ei se voltar a ver-te. Embora te tenha saído o tiro pela culatra, querida. Esta era informação falsa que eu mesmo deixei no escritório para encontrar o traidor da companhia.

– Roubar-te eu? – repetiu ela, pegando nos papéis.

Num deles, um e-mail da empresa, havia informação interna, detalhes sobre planos de construção de um arranha-céus, fotocópias das plantas…

Nada daquilo fazia sentido para Marley.

– Acha que eu roubei isto?

– Estavam na tua mala, portanto não negues. E quero-te fora daqui em – Chrysander olhou para o relógio… – agora faltam vinte e cinco minutos.

Marley tinha um nó na garganta que a impedia engolir. Não podia pensar ou reagir apropriadamente. Atónita, dirigiu-se à porta, sem pensar em apanhar as suas coisas. Só queria sair dali o mais rápido possível. Mas antes de sair deteve-se, apoiando-se na porta.

– Como podes pensar isso de mim? – murmurou, quase sem voz, antes de dar meia volta.

Entrou às cegas no elevador, soluçando até chegar lá a baixo. O porteiro, surpreendido, ofereceu-se para lhe procurar um táxi, mas Marley negou com a cabeça.

A brisa fresca da noite embateu-lhe na cara, mas não se deu conta, tão ofuscada estava. Chrysander tinha de ouvi-la, ela obrigá-lo-ia a fazê-lo. Esperaria até ao dia seguinte para que se acalmasse, mas teria de escutá-la. Tudo aquilo era um terrível erro e tinha de haver alguma maneira de chamá-lo à razão.

Angustiada, não reparou que um homem a seguia. Mas quando ia a atravessar a rua sentiu que lhe seguravam o braço e o seu grito de alarme foi abafado por um tecido que alguém colocou sobre a sua cabeça.

Marley lutou para se soltar, mas o seu assaltante era mais forte e, uns segundos depois, deu por si no banco de um carro. Ouviu a porta a fechar-se e a voz de dois homens enquanto o veículo se punha em andamento…