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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2013 Melanie Milburne

© 2014 Harlequin Ibérica, S.A.

Uma proposta forçada, n.º 1540 - Maio 2014

Título original: Never Gamble with a Caffarelli

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-5153-5

Editor responsable: Luis Pugni

 

Conversión ebook: MT Color & Diseño

Índice

 

Portadilla

Créditos

Índice

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Epílogo

Volta

Capítulo 1

 

– Como é que o perdeste? – Angelique olhava para o seu pai com expressão de horror.

Henri Marchand encolheu os ombros com aparente indiferença, mas engolia em seco. Perder a mansão da sua falecida esposa, um castelo nas Terras Altas da Escócia, às cartas em Las Vegas fora um duro golpe.

– Estava a correr tudo bem, até que Remy Caffarelli me enganou fazendo-me pensar que estava com azar. Jogámos durante horas e ele perdia todas as partidas...

– O quê?

– Pensei que poderia depená-lo de uma vez por todas e apostei tudo na última... E, então, ganhou-me.

Angelique sentiu um calafrio pela espinha dorsal.

– Diz-me que Remy Caffarelli não é o novo proprietário de Tarrantloch...

Remy era o seu pior inimigo, o homem que tentava evitar a todo o custo. Inclusive evitava pensar nele.

– Recuperá-lo-ei – afirmou o seu pai, com a confiança arrogante de um jogador. – Desafiá-lo-ei para outra partida e não poderá recusar-se...

– Queres perder tudo? – perguntou ela, exasperada. – Remy sempre te teve atravessado, mas tu pioraste a situação ao sabotares a construção daquele complexo hoteleiro em Espanha. Como pudeste cair numa trapaça tão absurda?

– Da próxima vez, ganharei, vais ver. Acha-se muito esperto, mas eu vou acertar-lhe onde mais lhe dói.

Angelique não podia acreditar. Como podia ter entregado a querida mansão familiar a Remy Caffarelli? Tarrantloch nem sequer era dele! Supostamente, o castelo e a propriedade eram controlados por um fundo até que ela fizesse vinte e cinco anos e isso aconteceria dentre de alguns meses.

O seu santuário, o seu refúgio... O único sítio onde podia ser ela mesma sem ter centenas de câmaras a persegui-la.

Perdido para sempre.

E nas mãos do seu inimigo.

Remy devia estar satisfeito como nunca. Podia imaginá-lo com um sorriso de satisfação naquela boca tão sensual e com os olhos castanhos a brilhar de insolência... Enquanto lhe fervia o sangue.

A amarga rivalidade entre as duas famílias durava há mais de dez anos. O avô de Remy, Vittorio, fora amigo íntimo e sócio do seu pai, mas Henri tinha decidido retirar subitamente o financiamento a um complexo hoteleiro em Espanha a que já se comprometera, pondo em perigo o império financeiro dos Caffarelli e os dois homens jamais tinham voltado a dirigir-lhe a palavra.

Tinha esperado que fosse Remy quem tentasse vingar-se, pois, dos três irmãos, era quem mais se dava com o avô, embora a relação não fosse afetuosa ou próxima. Suspeitava que precisava de conquistar a aprovação e o respeito de Vittorio, algo que nem Rafe nem Raoul tinham conseguido apesar de terem feito fortuna fora do império familiar.

Mas Angelique tivera conflitos com Remy inclusive antes da rutura entre as duas famílias. Parecia-lhe um homem altivo e temerário e Remy achava que era uma menina mimada, sempre à procura de atenção. A diferença de oito anos entre os dois não tinha ajudado muito, embora fosse a primeira a admitir que não era fácil relacionar-se com ela, especialmente depois da morte da sua mãe.

Angelique virou as costas ao pai, que estava a tentar apagar o sabor amargo da derrota com um copo de conhaque.

– A mamã deve estar às voltas na campa... E os seus pais e os seus avós também. Como pudeste ser tão estúpido?

Henri apertou os lábios, furioso.

– Tem cuidado com o que dizes, menina. Recorda que sou o teu pai. Não vou permitir que fales comigo como se fosse um idiota.

Ela endireitou os ombros.

– O que pensas fazer? Insultar-me como insultavas a mamã? Abusar emocionalmente de mim até que tome uma overdose de comprimidos só para me afastar de ti, como ela fez?

O silêncio era tenso, ameaçador.

Angelique sabia que era perigoso zangar o seu pai. E mencionar o que nunca deveria ser mencionado.

Durante toda a sua infância tinha andado nas pontas dos pés para evitar a raiva dele e vira como a sua mãe perdia a autoestima até se converter numa sombra do que fora.

Embora o seu pai jamais lhe tivesse levantado a mão, a ameaça estava sempre presente.

Anos antes, Angelique tinha tentado agradar-lhe, mas nada do que fazia era suficientemente bom e, por fim, tinha decidido fazer justamente o contrário. Desde os dezassete anos, tinha tentado envergonhá-lo deliberadamente e fora por isso que se tinha empenhado tanto na sua carreira como modelo de fatos de banho. Ela sabia como o incomodava que aparecesse em revistas, catálogos e cartazes por toda a Europa. Tinha procurado escândalos na imprensa, sem lhe importar que cimentassem uma reputação de rapariga irresponsável e mimada a quem só interessava andar de festa em festa.

– Se não tiveres cuidado, acabarei por te deserdar – ameaçou-a, com os dentes apertados. – Deixarei todo o meu dinheiro a um refúgio de animais.

Angelique poderia ter dito «Tudo bem, fá-lo», mas a fortuna que ameaçava arrebatar-lhe fora da sua mãe e faria o que tivesse de fazer para receber o que era seu por direito.

Começando naquele preciso instante.

 

 

O deserto de Dharbiri era um dos sítios favoritos de Remy. Um dos seus amigos da universidade, Talib Firas Muhtadi, era príncipe daquele país antigo que já tinha visitado muitas vezes. Gostava do deserto interminável, do ulular do vento sufocante, das cores vibrantes do entardecer e da sensação de estar sozinho no mundo, embora as leis e os costumes quase feudais fossem tão diferentes da sua vida diária. Nada de álcool, nada de jogo, nada de mulheres sem uma acompanhante feminina.

Gostava da sua vida, mas de vez em quando sentia a necessidade de desligar e ir até ali para carregar as baterias.

O ar, seco e ardente, era um grande contraste com o outono em Itália, onde tinha passado alguns dias com o seu avô, Vittorio Caffarelli, um homem difícil, amargurado e, às vezes, violento. Gostava de aparecer sem avisar, algo que incomodava imensamente o seu avô, ficar alguns dias e ir-se embora depois sem dizer adeus.

Gostava da Itália, mas não lhe era fácil dizer onde se sentia mais em casa. A sua herança ítalo-francesa e a sua educação num colégio interno britânico tinham-no convertido num cidadão do mundo e até aquele momento não tinha um sítio a que pudesse chamar lar. Tinha vivido sempre em hotéis e gostava de não saber onde ia viver na semana seguinte. Gostava de andar por todo o mundo, de fazer negócios aqui e acolá, conseguindo o que ninguém conseguia.

Remy sorriu.

Por exemplo, ganhar aquela partida a Henri Marchand em Las Vegas. Fora uma jogada de mestre. Não queria gabar-se, mas a verdade era que se sentia orgulhoso de si mesmo.

Tinha atingido Henri Marchand onde mais lhe doía, tirando o famoso castelo escocês àquele trapaceiro.

Era uma vitória muito doce.

Tarrantloch era uma das propriedades mais belas e prestigiadas da Escócia, um refúgio ideal para caçar, pescar e organizar festas com os seus amigos. Um sítio que talvez algum dia poderia ser o seu lar. Poderia ter ido diretamente para lá para tomar posse da casa, mas não queria parecer impaciente.

Não, era melhor deixar que Henri Marchand e a sua filha mimada, Angelique, pensassem que não estava muito interessado.

Haveria muito tempo para lho esfregar na cara.

E estava desejoso de o fazer.

 

 

Conseguir um voo para Dharbiri não fora fácil, mas chegar até Remy Caffarelli era tão difícil como tentar atravessar a segurança de um aeroporto com uma mala carregada de granadas.

Angelique cerrou os dentes pela enésima vez. Ela tinha ar de terrorista?

– Tenho de falar com o senhor Caffarelli. É muito urgente. Um problema familiar.

O rececionista olhou para ela com frieza e Angelique supôs que estivesse habituado às hordas de mulheres que dariam uma perna e um braço para estar alguns minutos com o arrebatadoramente atraente Remy Caffarelli.

Como se ela fosse cair tão baixo...

Monsieur Caffarelli não está disponível neste momento – disse o homem. – Está a jantar com o príncipe e a sua esposa, e, segundo o protocolo, não pode ser interrompido, a menos que se trate de um assunto da máxima urgência.

Angelique teve de se conter para não revirar os olhos. Teria de tentar outra tática, pensou. Estava habituada a levar a sua avante, a superar contrariedades. Essa era a sua especialidade.

Não demorou muito a subornar uma jovem empregada, que a reconheceu da capa de uma revista em que tinha aparecido recentemente. Só teve de lhe dar um autógrafo para que a deixasse entrar na suíte de Remy.

Segundo a jovem, ninguém, salvo Remy, devia encontrá-la lá. Aparentemente, havia protocolos estritos sobre o comportamento dos homens e das mulheres e, embora a incomodasse ter de se esconder até que ele entrasse no quarto, decidiu ser precavida.

Angelique olhou à volta, procurando algum esconderijo.

Atrás das cortinas? Não, encontrá-la-iam facilmente.

Na casa de banho? Não, alguma empregada poderia entrar para limpar o caos que Remy tinha deixado.

Angelique olhou para o armário do quarto, que ocupava uma parede inteira.

Esconder-se num armário era um cliché, sim. Mas também era o esconderijo perfeito.