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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

© 2003 Melanie Milburne

© 2015 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Amores de papel, n.º 814 - Agosto 2015

Título original: His Inconvenient Wife

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2005

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

I.S.B.N.: 978-84-687-7148-9

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S. L.

Sumário

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

Odiava que chegasse tarde.

Emily consultou o relógio pela enésima vez e suspirou. Por que não podia chegar Danny a horas pelo menos uma vez? Quando tocaram à campainha, levantou-se de um salto, olhou-se rapidamente ao espelho do vestíbulo e correu para abrir. Respirou fundo duas vezes para se acalmar e abriu a porta com um grande sorriso.

– Tu? – perguntou, surpreendida ao ver o irmão mais velho de Danny. – O que estás aqui a fazer?

Damien Margate observou o seu vestido vermelho festivo e respondeu-lhe com frieza.

– Danny não podia vir, portanto vim eu no lugar dele.

– Não lhe aconteceu nada, pois não? – perguntou Emily assustada.

Damien abanou a cabeça e entrou no seu minúsculo apartamento.

– Ainda não – respondeu misteriosamente.

– Não compreendo – comentou Emily. – Danny sabe como esta noite é importante para mim. Porque é que não me telefonou a dizer que não podia vir?

Damien encolheu os ombros com a mesma despreocupação que já tinha incomodado Emily quando o conhecera.

– O meu irmão mais novo nem sempre me explica porque faz as coisas – respondeu. – Suponho que será um insulto para ti que tenha vindo eu em vez do Danny, mas já que estou aqui diz-me se queres que eu te acompanhe.

Emily abriu e fechou a boca e não disse nada. Olhou para Damien de cima a baixo e pensou quão diferente era do seu irmão.

– Não quero fazer-te perder tempo – respondeu com sarcasmo. – Tenho a certeza de que tens coisas muito melhores para fazer do que acompanhares-me a um serão de prémios literários.

– Absolutamente – respondeu Damien olhando-a com os seus olhos escuros. – Esta noite… não tenho nada melhor para fazer.

Emily enfureceu-se. Como se atrevia aquele homem a ridicularizá-la daquela maneira? Sabia o quanto o odiava, sobretudo desde que tinha expresso a sua opinião sobre a proposta de Emily em escrever uma biografia sobre a sua tia Rose.

Então, tinha-a acusado de se imiscuir na sua família com o único propósito de fabricar um monte de mentiras sobre uma idosa que já não se podia defender.

– Não tinhas um encontro esta noite? – gozou Emily. – Ou será que, finalmente, a mulher com quem andavas preferiu passar o serão com o seu marido?

Assim que o disse, Emily apercebeu-se de que não deveria tê-lo feito pois Damien olhou-a enfurecido.

– Suponho que Danny voltou a encher-te a cabeça de tolices.

Emily reparou que a sua pergunta tinha feito com que Damien perdesse o controlo e isso fê-la sentir-se poderosa, algo que não era vulgar acontecer na presença de Damien Margate.

– Não sabia que era um segredo de família – arriscou-se a dizer. – Mais um, não é?

Damien colocou-se diante dela com um passo e agarrou-a pelo pulso. Emily teve que lançar a cabeça para trás para poder olhá-lo nos olhos, pois era mais alto do que o seu irmão.

Certamente, sentia-se intimidada, que era obviamente o que Damien queria.

– Vou dar-lhe um conselho, menina Sherwood. O facto de você querer escrever um livro sobre um familiar meu, não lhe dá o direito de especular sobre a minha vida pessoal nem privada nem publicamente. Entendeu?

– Não estou nada interessada na tua vida pessoal – assegurou Emily, olhando-o nos olhos. – Se é que tens uma, claro. E solta-me, por favor.

Em vez de soltá-la, Damien apertou-lhe o pulso com mais força.

– Tens duas opções. Podes ir à festa sozinha, o que dará lugar a falatórios, ou podes ir comigo. O que é que me dizes?

– Haverá falatórios se eu for contigo – respondeu Emily. – Danny é que é meu namorado, não tu.

– Danny não pôde vir – recordou. – Não achas que indo a essa festa comigo poderias obter informações sobre a vida da minha tia?

Emily desejou poder mandá-lo à fava, mas tinha razão. Aparecer acompanhada com um membro da família não passaria despercebido à imprensa e isso daria credibilidade ao seu livro, o que era fundamental para que os editores não recuassem na sua decisão de apoiá-la.

Emily necessitava que aquele livro se vendesse bem. A sua agente tinha-a advertido que depois do fracasso da sua última biografia não havia opção.

– E então?

– Parece-me que não tenho outra opção – respondeu Emily com rancor.

Damien soltou-lhe o pulso, mas continuou a olhá-la nos olhos.

– A mim tanto me faz, mas sei que esta noite é muito importante para ti, não é?

Emily estava nomeada para um pequeno prémio juntamente com outros dois biógrafos. Embora não gostasse muito de fazer promoção, a sua agente tinha insistido para que fosse à festa.

– A publicidade é boa para mim – admitiu. – As pessoas adoram ler acerca das vidas privadas dos famosos.

– As pessoas merecem saber a verdade – disse Damien, – e não uma data de mentiras inventadas para vender.

Emily olhou-o com ar desafiante.

– E o que é que isso te importa? Não vou escrever nada sobre ti.

– Garanto-te que se te lembrares de escrever uma só palavra sobre mim vais ter que te haver com as consequências.

– Queres assustar-me? É que não me assustas. Estou decidida a escrever o livro sobre a tua tia e nada do que me disseres vai fazer-me mudar de opinião.

– Depois não digas que não te avisei – disse Damien. – Conseguiste confundir o meu irmão, mas eu sou completamente diferente.

Havia qualquer coisa naquele homem que fazia com que Emily se sentisse desconfortável. Não tinha sido objecto de uma reprimenda assim desde que se esquecera do fato de ginástica na escola.

Aquele homem aborrecia-a por fazê-la sentir-se infantil e irresponsável. Mas pagaria tudo isso. Aquela noite era importante para Emily pois dela dependia que não se arruinasse, portanto disfarçou.

– Muito bem, senhor Margate – sorriu. – Será uma grande honra para mim que me acompanhe à festa. Vou buscar o meu xaile para nos irmos embora.

Emily afastou-se à procura da mala e do xaile com um sorriso de triunfo. Embora Damien Margate acreditasse que conseguia aterrorizá-la com o seu olhar, ela ainda tinha alguns truques na manga. Havia coisas que Damien não sabia que Emily conhecia sobre ele.

Que expressão assumiria quando Emily desse a conhecer ao público todos os podres dele e da sua família!

Quando chegaram, a festa estava no seu apogeu. A agente de Emily, Clarice Connor, aproximou-se deles com uma taça de champanhe na mão.

– Querida! – exclamou, beijando-a e olhando para Damien de cima a baixo. – Ora, ora, ora, quer dizer que te viraste para o irmão mais velho, hã? Muito inteligente, Emily.

– Parece-me que não nos apresentaram – disse Damien, estendendo-lhe a mão.

– É uma honra que tenha conseguido vir com a incrível vida social que tem – sorriu Clarice.

Damien assentiu com a cabeça.

– Vim porque tenho a certeza de que o serão vai valer a pena – sorriu com frieza.

– Claro que sim – disse Clarice virando-se para Emily. – Há um jornalista do Melbourne Age que te quer entrevistar. Disse-lhe que te ligasse para marcar uma entrevista, mas insiste que seja esta noite. Já sei que não gostas muito destas coisas, mas deves fazê-lo. É a melhor maneira de dar publicidade ao novo projecto. Tens que te misturar com as pessoas com quem normalmente não te misturarias – afirmou, olhando para Damien que se tinha virado para falar com outra pessoa.

Emily observou uma elegante mulher que se aproximava dele embelezada com um lindo vestido preto que marcava as suas curvas.

– Damien, que bom que é ver-te!

De seguida, olhou para Emily.

– Olá. Você é alguém importante?

Emily não soube como interpretar aquela saudação. Olhou para Damien, mas o seu rosto como de costume estava impávido.

– Nerolie, apresento-te Emily Sherwood – disse. – Emily, esta é a Nerolie Highstock.

A recém chegada sorriu a Emily com falsidade.

– E você também é escritora? Receio nunca ter ouvido falar de si.

Não estava mal como insulto, pois o facto é que o segundo livro de Emily não tinha chegado aos dez mais vendidos. O primeiro de Nerolie tinha-o feito sem dificuldade, sobretudo porque ela se encarregara de estar no sítio certo à hora certa. Quer dizer, na cama do seu agente.

– Suponho que isso é porque não lê o que devia ler – replicou.

Nerolie ignorou-a e virou-se para Damien.

– Vieste certificar-te que a menina Sherwood se comporta como deve ser? Ouvi dizer que não se deu muito bem com os anteriores esqueletos que tirou do armário.

– Quer dizer que tem lido os meus livros? Não acabou de dizer que não sabia quem eu era? – interrogou Emily, olhando-a desafiante.

– Receio, menina Sherwood, que não tenho tempo para ler esse lixo que são as biografias não autorizadas. Prefiro os factos à ficção.

– E como sabe o que é facto e o que é ficção?

– Sempre defendi que temos que nos documentar antes de escrevermos – respondeu Nerolie olhando-a com frieza. – Terá que falar com os implicados.

– E se os implicados não quiserem falar? – perguntou Emily, olhando para Damien.

– Então, terá que saber retirar-se com dignidade – respondeu Nerolie virando-se para cumprimentar outro convidado.

– Chega – disse Damien ao seu ouvido.

Ao sentir o seu quente fôlego no pescoço, Emily estremeceu. Afastou-se e olhou-o.

– Não sabia que gostavas da menina Highstock – disse perante a sua expressão de troça. – É uma pena que não seja casada. Assim seria muito mais interessante.

Damien olhou-a enfurecido, mas nesse momento chegou o convidado de honra. O editor- -chefe experimentou o microfone para que todos os olhos se virassem para ele.

Emily sentia a presença de Damien Margate atrás dela.

Não estava a tocá-la, mas Emily sabia que se se mexesse um milímetro para trás bateria contra ele. Durante todo o discurso, teve que fazer um grande esforço para se manter direita.

Estava tão concentrada que nem se apercebeu que tinham pronunciado o seu nome. De repente, reparou que toda a gente estava a observá-la, pelo que se aproximou do palco.

A verdade era que aquele prémio a tinha apanhado completamente de surpresa. O seu primeiro livro tinha tido êxito, mas o segundo não e, por isso, Emily dera como ponto assente que não ia ser premiada.

Agradeceu à sua agente e aos seus editores, mas não sabia que mais podia dizer. A única coisa que sentia era o frio olhar de Damien Margate que lhe provocava um estranho suar nas palmas das mãos.

Ao terminar o seu discurso, vários dos presentes aproximaram-se para lhe pedir um autógrafo e Emily agradeceu, pois assim não tinha que voltar para junto dele de imediato.

A verdade era que havia qualquer coisa naquele homem que a atraía, mas disse a si mesma que se tratava simplesmente de um ponto de vista profissional. Porque Damien Margate era um homem reservado e isso atraía-a como escritora.

Certamente, não havia nada nele que a atraísse de maneira pessoal. Era demasiado alto e não se parecia em nada com o seu irmão, loiro e de olhos azuis, o tipo de homem do qual Emily gostava.

Olhou-o e surpreendeu-se quando viu que ele também estava a olhá-la. Apercebeu-se de que corara, pelo que se concentrou em assinar autógrafos.

Quando o serão terminou, não teve outro remédio se não ir para junto de Damien, que a aguardava.

– Vamos? – perguntou-lhe ele sorrindo com malícia.

– Hã… sim – respondeu Emily colocando o xaile pelos ombros. – Se quiseres posso chamar um táxi. Não gostaria de interromper os planos que tens para o resto do serão.

– Parece que queres ver-te livre de mim – observou Damien. – Nunca imaginei que ias fazer uma coisa dessas. Podes interrogar-me. Quem sabe o que podias escrever? Talvez outro livro?

– Não tenho nenhum interesse em interrogar-te – assegurou Emily. – A verdade é que não tenho nenhum interesse em passar mais tempo contigo. Se me dás licença, vou à casa de banho. Vemo-nos no hall dentro de cinco minutos – acrescentou, afastando-se com a cabeça bem erguida.

Ao chegar ao tocador, olhou-se ao espelho e respirou fundo várias vezes para se acalmar. Tinham-lhe caído algumas madeixas de cabelo do carrapito e tinha as pupilas dilatadas, como se tivesse medo.

Lavou as mãos e saiu da casa de banho, mas em vez de se dirigir ao hall procurou a saída de emergência mais próxima para fugir sorrateiramente.

Tinha refrescado e a rua estava cheia de gente que saía dos teatros e cinemas de Sidney. Emily misturou-se entre a multidão e dirigiu-se a um café que havia a três quarteirões dali e em que Danny e ela tinham estado muitas vezes.

Ao chegar, procurou uma mesa calma e viu uma cabeça loira que se inclinava sobre uma mulher ruiva.

Emily sentiu que parara de respirar. Foi então que sentiu uma mão no ombro, virou-se e encontrou-se com Damien Margate.

– Tenho o carro lá fora.

Emily saiu do café apressadamente e esteve prestes a torcer um tornozelo. Damien agarrou-a pelo cotovelo e ela não se afastou.

– O meu carro está por aqui.

Ela seguiu-o em silêncio, enquanto a sua mente recordava uma e outra vez Danny com a outra mulher, sentados na mesma mesa onde eles se sentaram muitas vezes para falar do seu futuro.

Sem poder evitá-lo, começou a chorar e apressou-se a secar as lágrimas. Damien olhou-a de esguelha e abriu o carro.

– Entra. Gostaria de te dizer uma coisa.

Emily entrou sem dizer uma palavra. Estava surpreendida e triste, e ao mesmo tempo furiosa por Damien Margate a ver assim.