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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2016 Maisey Yates

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Fantasia proibida, n.º 1747 - abril 2018

Título original: The Greek’s Nine-Month Redemption

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9188-470-5

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Epílogo

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Capítulo 1

 

 

 

 

 

Às vezes, Elle St. James imaginava que cravava uma caneta no peito de Apollo Savas. É claro, não com intenção de o matar. Era um homem sem coração, portanto, a ferida não poderia ser mortal. Só tinha intenção de o magoar.

Outras vezes, fantasiava com atravessar a sala de reuniões, tirar-lhe a gravata e abrir-lhe a camisa para acariciar a sua pele e sentir o seu peito musculado. Finalmente, depois de nove longos anos a resistir-lhe e à onda de desejo que a invadia por dentro cada vez que os seus olhares se encontravam.

Essa fantasia era muito mais inquietante do que a de lhe cravar uma caneta no peito.

E também era demasiado frequente.

Estavam sentados numa reunião e Elle devia estar a prestar atenção, mas só conseguia pensar no que faria se pudesse passar cinco minutos com ele a sós por trás de uma porta fechada à chave.

Seria um encontro violento ou acabariam por se despir.

Ele estava a falar de orçamentos e cortes e ela odiava essas palavras. Significava que a sua equipa voltaria a sair prejudicada. Repetir-se-ia a história dos últimos doze meses, desde que ele a segregara da empresa do pai. Uma empresa que entrara na bancarrota.

Mais outro item na longa lista de coisas que Apollo fazia para tentar devastá-la.

Finalmente, o pai vira-se obrigado a dar-lhe uma responsabilidade, visto que o enteado demonstrara ser uma víbora.

Tinham-na nomeado diretora-executiva. E, então, Apollo aparecera para estragar tudo.

Ele fora o culpado. Pelo menos, em parte. Nada conseguiria convencê-la de outra coisa.

Elle tinha um plano. Um plano que, aparentemente, ele tinha intenção de truncar. Sabia que poderia salvar a Matte sem ter de fazer mudanças constantes na equipa de empregados, mas ele não estava disposto a dar-lhe uma oportunidade.

Porque, como sempre, o seu objetivo era devastá-la. Demonstrar-lhe que ele era o melhor.

No entanto, isso não evitou que Elle reparasse nas suas mãos enquanto gesticulava e se questionasse como seria sentir as suas carícias na pele.

Tudo o que Elle sabia sobre o sexo cabia num guardanapo. E o mais triste era que seriam duas palavras.

Apollo Savas.

Para ela, Apollo fora o equivalente à palavra sexo desde que compreendera o que significava.

Aquele homem de cabelo e olhos escuros era filho da mulher com quem o pai de Elle se casara quando ela tinha catorze anos. Parecera-lhe fascinante, embora fosse muito diferente dele, pois pertencia a uma classe social com que Elle nunca tivera contacto. Antes de se casar com o pai de Elle, a mãe de Apollo trabalhara como empregada de limpeza. O contraste cultural fora muito intenso. E muito, muito interessante.

No entanto, a partir daquele momento, Apollo transformara-se no homem sem coração que traíra a família de Elle e tentara destruí-la.

Mesmo assim, desejava-o.

O lobo mau do mundo dos negócios que uivava e destruía sonhos.

– Não está de acordo, menina St. James?

Ela levantou o olhar e observou Apollo com o coração acelerado. A última coisa que desejava era admitir que não ouvira o que estava a dizer. Preferia reconhecer que sonhava com assassiná-lo.

– Terá de repetir a pergunta, senhor Savas. A minha capacidade de atenção para o repetitivo não é infinita. É o mesmo discurso que faz há meses e não foi mais lógico nem eficaz do que da última vez.

Apollo levantou-se. Elle viu no seu olhar que teria de pagar pelas suas palavras. A ideia fez com que tremesse. O medo misturou-se com um desejo potente.

– Lamento que me ache aborrecido. Tentarei tornar-me mais interessante. Estava a dizer que, para uma empresa ser bem-sucedida, deve fluir. Tem de estar bem oleada. Todos os empregados têm de funcionar a plena capacidade. Os que não rendem, estão a mais. Os preguiçosos também. Tentava ser delicado com a minha metáfora. – Começou a dirigir-se para o outro lado da sala e todos se endireitavam quando passava atrás deles. – Talvez tivesse captado melhor a sua atenção dizendo que, se descobrir que uma parte da sua empresa não funciona, começarei a livrar-me dos seus empregados como se fossem ervas daninhas.

Elle sentia que lhe ardia o rosto e que o coração acelerava. Cerrou os punhos para evitar que lhe tremessem as mãos.

– Nesta empresa, todos…

– Tenho a certeza de que o seu discurso vai ser inspirador e muito emotivo, mas talvez devesse poupar a saliva, menina St. James. Pode dizer o que quiser, mas eu vi as quantias. Convicção não é igual a lucros. Reverei tudo atentamente e farei os cortes que considerar necessários. Dito isto, acho que a reunião acabou. Aparentemente, a menina St. James tem muito pouca tolerância para a minha conversa. Se o resto de vocês pensar o mesmo, ficarão contentes por poderem ir-se embora.

O grupo de pessoas que se levantou para sair da sala fez com que Elle pensasse numa manada de gazelas a fugir de um leão.

Um leão grande e aborrecido que só queria assustá-los, mostrando as suas presas. Não tencionava persegui-los.

Não, por enquanto, só tencionava concentrar-se nela.

– Estás em baixa forma hoje, Elle.

– Estou exatamente como devo estar, Apollo – declarou, tratando-o por tu também.

Ao fim e ao cabo, eram família.

Embora ela nunca o tivesse considerado um irmão. Era uma fantasia sexual que não queria ter. O seu maior adversário. O seu pior inimigo. Era todas essas coisas, mas não um irmão.

– A tua empresa pertence-me – recordou-lhe Apollo. – Pertences-me. E não parece que tenhas medo de mim.

Aquelas palavras magoaram-na.

– Os verdadeiros líderes não governam com punho de aço – redarguiu. – Sabem que o respeito não se ganha com intimidação.

Elle sabia que não devia responder, mas nunca era capaz de se controlar. Conheciam-se há demasiado tempo. Tinham passado muitos anos na mesma casa.

E ela passara demasiados anos a esfolá-lo quando sentia que tinha vantagem. Ao fim e ao cabo, era a filha biológica do pai, a que tinha o direito de viver naquela mansão.

No entanto, as coisas tinham mudado.

– Isso é o que diz a mulher que já não tem poder para exercer a liderança. – E sorriu.

Elle não fugiria. Não, não o faria. Ela não era uma gazela.

– Tenho poder e posso exercê-lo. Enquanto a Matte for uma entidade que trabalha de maneira independente sob a proteção da tua grande corporação, estou aqui para a gerir o melhor possível e para apoiar os meus empregados. E para te dar a informação que não consegues obter de relatórios impressos.

Apollo virou-se para sair da sala.

– Um relatório que reduz tudo a estatísticas não pode ser definitivo – insistiu Elle.

– É aí que te enganas – contradisse ele, acelerando o passo.

Elle teve de correr atrás dele para o corredor.

– Não sou eu que me engano. O relatório não mostra todos os dados. Não permite saber como a empresa funciona realmente. Ou o que cada empregado contribui para o processo criativo. A Matte não é apenas uma revista. É uma linha de cosméticos, uma marca de moda. Temos livros e…

– Sim – replicou ele, antes de entrar no elevador. – Obrigado, conheço muito bem como as minhas empresas funcionam.

– Então, devias saber que tenciono pôr estratégias em prática que requerem todos os empregados que tenho. Iniciativas que demoram algum tempo a começar, mas que lançarão a marca mundialmente.

– Sim. Foi o que me disseste da última vez que nos vimos. Ao contrário de ti, eu não durmo nas reuniões.

Elle entrou no elevador com ele.

– Não adormeci – defendeu-se.

Apollo carregou no botão para descer para o vestíbulo e as portas fecharam-se. Então, olhou para ela fixamente. De repente, era como se lhe faltasse o ar.

– Não, não acredito que tenhas adormecido, Elle – replicou, num tom muito suave. – Olhavas para mim de maneira demasiado intensa para estar noutro planeta. Em que estavas a pensar?

– Em cravar-te uma caneta no peito – admitiu, sorrindo.

Porque não podia dizer: «Em arrancar-te a roupa para verificar se és tão bom como pareces nos meus sonhos.»

Apollo sorriu.

– Sabes que não conseguirias matar-me assim. Terias de me cortar a cabeça e enterrá-la longe do meu corpo.

– Terei de avisar os meus homens.

Quando as portas se abriram, o vestíbulo estava vazio. A Matte partilhava o edifício com outros negócios. Àquela hora, não havia muito movimento.

– Onde te alojas, Apollo? – perguntou ela. – Numa sepultura do centro da cidade?

– Na que está ao lado da tua, Elle – declarou Apollo. – Tu primeiro.

Esticou o braço, fazendo-lhe um gesto para que saísse do elevador.

Elle atravessou o vestíbulo e saiu pelas portas giratórias. Parou na calçada, pôs os óculos de sol e ficou ali, no meio de Manhattan, a dar pancadinhas com o pé.

Apollo saiu instantes mais tarde, vestiu o casaco e observou-a por um instante.

– Importas-te de continuar a gritar enquanto ando? – perguntou ele.

– Não estou a gritar. Só estou a explicar porque os teus métodos para gerir a minha empresa são errados.

Virou-se e começou a andar.

– Apollo! Ainda não acabámos a reunião.

– Pensei que a tínhamos acabado.

– A reunião da direção – concedeu ela –, mas nós não acabámos a nossa.

– Hospedo-me aqui – informou Apollo, apontando para um hotel a duas portas dos escritórios da Matte. – Visto que vim para a cidade para me ocupar da Matte, pensei que seria bom alojar-me perto.

– Parabéns! Uma simpatia.

– Tenho os meus momentos. E a julgar pelo facto de ser um multimilionário por ter conseguido absorver a empresa do teu pai, vê-se que tive vários momentos bons.

– Se fosses tão inteligente como pensas, ouvirias os meus planos para a Matte. A resposta não é reduzir-nos a nada. Tens de deixar que tente expandi-la, se não, morreremos realmente.

– Estás a presumir que tento salvar-te, querida Elle. Talvez só queira acabar contigo.

– És… És…

– Malvado. Um canalha. O que quiseres…

– Sempre foste muito competitivo, mas isto já é demasiado.

– Presumes que isto é uma competição.

– O que mais poderia ser? És um ingrato. Por tudo o que o meu pai te deu. E pelo facto de não te ter dado tudo.

Apollo deu uma gargalhada.

– Referes-te ao facto de não me ter dado a empresa, ou a Matte, em primeiro lugar? Porque achas que ta deu, Elle? Porque eras competente? Não. Deu-te o emprego para manter um pé dentro da empresa quando eu a comprasse.

As suas palavras foram como uma punhalada, embora já imaginasse que tivesse sido assim.

É claro que o suspeitara, mas o facto de Apollo saber significava que era evidente. E talvez fosse assim para todos.

O porteiro abriu a porta para os deixar passar e Apollo parou para lhe dar uma gorjeta. Elle abriu a mala e tirou um dólar para dar ao homem, antes de seguir Apollo.

Não ia permitir que desse a gorjeta por ela.

– Estou na suíte das águas-furtadas. É muito bonita.

– Não me surpreende nada que tenhamos acabado de sair de uma reunião onde falaste de fazer cortes na minha empresa e, no entanto, te alojes na suíte das águas-furtadas.

Apollo carregou no botão do elevador e as portas abriram-se. Elle entrou atrás dele.

– Não preciso de dinheiro, agape, para o caso de pensares que foi por isso que mencionei os cortes.

Agape. Elle odiava aquele nome. Apollo começara a chamá-la assim quando estava na secundária. Só para a zangar. E, cada vez que o fazia, gravava-o um bocadinho na sua memória. «Amor», esse era o seu significado.

Era ridículo.

– Então, porque mencionaste os cortes? – perguntou, num tom suave.

– Porque tu precisas do dinheiro. A Matte precisa de dinheiro. Na era digital, a revista impressa está em decadência e, embora tenhas tentado competir com ideias inovadoras, não conseguiste sustentar-te.

– Mas se tu tens o suficiente…

– Não me dedico à caridade. – E riu-se. – Giro um negócio. A minha empresa tem lucros. É o que faço, ganho dinheiro, e estou orgulhoso disso. No entanto, não continuarei se não melhorar os meus recursos. Melhorar é um processo árduo e doloroso e significa despedir algumas pessoas.

O elevador parou e Apollo saiu para o corredor. Dirigiu-se para uma porta e empurrou-a para a abrir.

– Entra.

Elle sentiu-se como uma criatura vulnerável que entrava na guarida de um predador.

«Não és uma gazela. Assustas tanto como ele. És uma leoa.»

Assim que entrou na suíte, Elle reparou nas janelas com vista para Central Park. Havia uma sala espaçosa com um bar e, à esquerda, uma porta aberta por onde se via um quarto com uma cama enorme.

Não pôde evitar imaginar Apollo, alto como era, deitado nela e a ocupá-la por completo. Teria um aspeto mais relaxado enquanto dormia? Pareceria menos letal sem o fato preto que usava e que realçava cada músculo do seu corpo?

Apollo fechou a porta da entrada com força e ela assustou-se.

– A minha equipa é a melhor que há – começou a explicar Elle. – Os seus integrantes têm as melhores mentes criativas do mercado. Tens de admitir que os guias da Matte tiveram muito sucesso. E que o da maquilhagem aumentou a venda de cosméticos. Era específica para a marca e, por isso…

– Mais uma vez, estás a contar-me coisas que já sei. Não cheguei a este ponto da minha vida por não prestar atenção. Compreendo que a tua equipa é importante para ti, mas se não fizer o que tenho de fazer, se não fizer cortes grandes, nenhum de vocês terá trabalho.

– Eu…

– Elle, dá-me a sensação de que achas que isto é uma democracia. Podes ter a certeza de que isto é uma ditadura. Não vou negociar contigo. E o teu bonito rabo ainda continua sentado no escritório do diretor-executivo graças à minha benevolência.

A fúria apoderou-se de Elle.

– Pensei que se devia ao facto de ser boa no meu trabalho.

– E és – concedeu, dando um passo para ela –, mas há muitas pessoas que seriam boas no teu trabalho. Pessoas que não conseguiram o emprego graças ao seu pai.

– Isso é ridículo, Apollo! Como se tu não tivesses conseguido coisas graças ao meu pai – queixou-se, furiosa. – O meu pai tratou-te como se fosses o seu próprio filho. E tu compensaste-o como o Judas.

– Comprei-o por bastante mais do que trinta moedas de prata, menina. Talvez o que realmente te magoa seja que tenha sido o teu pai, e não eu, a trair-te. Deu-te esse emprego sabendo que fracassarias.

Elle cerrou os dentes. O que Apollo dizia abria velhas feridas. Nunca se sentira à altura de Apollo, o filho que o pai sempre desejara, e ele sabia.

Contudo, não ia deixá-lo ganhar tão facilmente.

– Ele confiava em ti. Quando lhe ofereceste ajuda, nunca pensou que ias desmontar tudo.

– Enganou-se ao confiar em mim.

– Sem dúvida. Não só traíste o homem que te encaminhou para o sucesso, mas a tua própria mãe.

– A minha mãe está bem. O teu pai não está economicamente arruinado, portanto, ela continua a desfrutar do seu estatuto. Mais uma vez, Elle, recordo-te que o teu pai me vendeu a Matte e as outras empresas por vontade própria.

– Puseste-o numa posição em que não podia negar-se.

Apollo deu outro passo para ela. Estava tão perto que ela pôde ver que os seus olhos não eram completamente pretos, mas tinham um pequeno anel dourado. Também pôde ver a barba incipiente do seu rosto.

Conseguia sentir o cheiro da sua pele e da sua loção de barbear.

– É interessante que o expresses assim. Se os problemas económicos nos tiram a possibilidade de escolher, poderia dizer-se que a minha mãe não teve muita escolha na hora de se casar com o teu pai.

– Isso é ridículo! – exclamou Elle. – A tua mãe queria casar-se.

– A sério?

– Claro.

– Uma senhora da limpeza que tem a oportunidade de ter uma vida de luxo depois de ter passado anos a ganhar a vida com muita dificuldade nos Estados Unidos e depois de ter vivido na Grécia perdida na pobreza?

– Isso não… Isso não tem nada a ver.

– Talvez – concedeu ele. – Ou talvez, Elle, o importante seja que podemos sempre dizer que não. – Inclinou-se para a frente. – Sempre.

Elle mal conseguia respirar, sentia que todo o seu corpo estava alerta e a cabeça dava voltas.

Recordava muito bem que experimentara a mesma sensação cada vez que se encontrava com Apollo pelos corredores da casa familiar ou quando o via na piscina. O seu corpo musculado fascinava a menina que ela era então.

Só se tinham aproximado um do outro uma vez. Só uma vez, pensara que talvez Apollo sentisse o mesmo desejo proibido que ela sentira assim que o vira.

«O Apollo vai ser o teu meio-irmão.»

Todo o seu corpo se rebelara imediatamente com a notícia, pois sabia que, quando os pais se casassem, não seria correto desejá-lo daquela maneira. Portanto, distanciara-se dele. E, algumas vezes, portara-se muito mal com ele, mas fizera-o para sobreviver.

Com o tempo, tudo piorara. Apollo continuara a ser o seu «meio-irmão» e, embora o carinho que começara a sentir por ele se visse afetado pela sua traição, passara nove anos a resistir-lhe. Aproveitara a raiva e o aborrecimento para os usar como barreira entre o desejo que sentia por Apollo e os seus atos.

Ceder teria sido um fracasso em termos de autocontrolo. E para a relação com o pai. O que é que o pai pensaria se soubesse que desejava Apollo? Que tipo de escândalo surgiria se os meios de comunicação social descobrissem que se sentia intensamente atraída pelo filho da sua madrasta?

Era por isso que não queria reconhecê-lo e tentara guardá-lo dentro dela, mas o desejo ressurgia cada vez que o via. Com cada olhar. E quando as suas mãos se encontravam de forma acidental. E à noite, quando se deitava a desejar algo que só ele podia oferecer-lhe.

Apollo comprara a empresa do pai. Queria a Matte. O pai escolhera-a como diretora-executiva para manter um certo tipo de relação com a empresa. E ela fracassara, tal como Apollo dissera…

Sentia que tudo lhe escapava das mãos. A empresa. O controlo. Tudo.

E nem sequer a beijara. Nunca possuíra o homem que lhe destruía a vida. O homem que protagonizava as suas fantasias e lhe causava o desejo mais profundo.

E porquê? Para manter as aparências. Para triunfar. No entanto, estava a perder. Completamente.

Então, porque não desfrutar dele?

Se estava tudo prestes a destruir-se, porque não haveria de se consumir nas chamas?

Se pelo menos tivesse uma caneta na mão… De onde estava, seria muito fácil cravar-lha no pescoço, mas não a tinha.

Portanto, pelo contrário, esticou o braço, agarrou-lhe o nó da gravata e desfê-lo.